Mosteiro da Luz, S.Paulo
Autoria: Irmã Maria Antonia, concepcionista e Claudinei Pollesel, do I.H.G.P.
Oliva Maria Grespan, seu nome civil, nasceu em Treviso, na pequena comune de São Martinho, Itália, em 04 de abril de 1879. Foi a segunda dos oito filhos de Giovanni e Joana Vicentin .
Com oito anos imigrou para o Brasil com sua família, pois seu pai havia recebido um proposta de trabalho na indústria de tecelagem. A proposta de trabalho na capital não prosperou e a família veio residir em Piracicaba.
Aqui viveu até os 15 anos, aprendeu as primeiras letras e fez a primeira comunhão. Desde muito cedo manifestava o desejo de ser religiosa e este seu desejo foi acompanhado pelos frades capuchinhos e de modo especial, pelo Frei Felix, seu orientador espiritual.
O mais natural teria sido seu ingresso numa congregação presente na cidade, como as Irmãs de São José, do Colégio Assunção, mas seu desejo era de clausura. Conhecendo este seu desejo Frei Felix a levou para São Paulo e Oliva ingressa no Mosteiro da Luz, em 1894.
Mesmo sendo muito simples e com pouco estudo, foi uma religiosa exemplar e tornou-se abadessa deste mosteiro, cargo que ocupou por 33 anos.
Sua atuação neste mosteiro é considerada o complemento do trabalho iniciado por Frei Galvão, pois completou e aperfeiçoou sua obra. De simples recolhimento de religiosas, o Mosteiro da Luz agregou-se á Ordem das Monjas Concepcionistas de Santa Beatriz, com todas as honras e obrigações inerentes á esta elevação á Mosteiro de Direito Pontifício. Com isto as Irmãs puderam professar votos solenes e perpétuos e trajar o hábito branco, preto e azul das Concepcionitas.
Foi um trabalho imenso que causou muitos sofrimentos á Madre Oliva, pois houve muita resistência de algumas das antigas irmãs, que não quiseram se adaptar ás novas regras.
Mesmo com a saúde extremamente frágil ainda arrumou meios e fundou o Mosteiro da Imaculada Conceição de Guaratinguetá, cidade onde nasceu o Santo Frei Galvão e fez a mesma reforma iniciada na Luz, no Mosteiro da Imaculada Conceição e Santa Clara, de Sorocaba. Não media esforços para divulgar a devoção á Imaculada Conceição, a Santa Beatriz, fundadora da Ordem, e a Frei Galvão, que na época estava em processo de beatificação.
Mesmo com todos os limites culturais aprendeu todo o ofício divino em latim e formulou todos os estatutos do Mosteiro, na mesma língua. Em 1928 publicou a 1ª. Biografia completa de Frei Galvão e em 1936 , a 2ª. edição ampliada. Esta obra, hoje rara, constitui um dos mais completos documentos da vida e da obra deste franciscano que se tornou recentemente o primeiro santo brasileiro. Madre Oliva foi uma das testemunhas ouvidas no 1º. Processo de Beatificação, iniciado em 1938. É dela os relatos que atestam fatos extraordinários que aconteciam com Frei Galvão, como a levitação.
Muito amada e venerada pelas irmãs da Luz e por toda a comunidade católica da época, morreu com fama de santidade em 1948, com 70 anos. Relatos das irmãs presentes neste último momento são fascinantes e atestam até mesmo o êxtase final, quando Madre Oliva pode ver a figura de Maria, Nossa Senhora.
Sua sepultura foi aberta oito anos após sua morte e seu corpo encontrado incorruptível. Irmãs e autoridades que estiveram presentes á exumação atestam que seu corpo estava inteiro conservado, seu semblante era sereno e sua pele macia e perfeita. Documento assinado pelo Prof. Dr. Alberto de Oliveira Santiago, prova este fato com os seguintes termos: “ em 19 de julho de 1956 foi seu corpo exumado, verificando-se que o mesmo estava intacto, sem signaes de decomposição… fato extraordinário!” A Irmã Maria Antonia, do Mosteiro de Piracicaba, estava presente á esta exumação e pode tocar o corpo intacto.
Sua vida está intimamente ligada á cidade de Piracicaba, pois ela viveu aqui sua adolescência, freqüentou a igreja e a escola elementar, aqui discerniu sua vocação e daqui partiu rumo à clausura do Mosteiro da Luz, em 1894, optando por deixar os pais e os irmãos, á quem tanto amava.
Com a fundação do Mosteiro das Concepcionistas de Piracicaba em 1956, junto com as irmãs veio a veneração pela figura e vida de santidade de Madre Oliva, pois a 1ª. Abadessa de Piracicaba, Madre Maria Helena e a Irmã Maria Celina, pioneiras desta fundação, conviveram com Madre Oliva e receberam dela os mais belos exemplos e trouxeram as mais belas lembranças daquela á quem todos chamavam de “Mãezinha”.
Em 2009 seu nome foi colocado numa praça da Vila Rezende no Jardim Witter. Foi uma solicitação feita pelos moradores do bairro e pelas irmãs do mosteiro ao vereador José Aparecido Longatto, que apresentou o projeto na Câmara de Vereadores.
Mais que uma simples homenagem esta pracinha lembra a vida de uma mocinha italiana que saiu de Piracicaba para tornar-se a reformadora e 1ª. Abadessa do Mosteiro da Luz, em São Paulo. Apesar de todas as limitações físicas e intelectuais tornou-se grande aos olhos de Deus.
Suas filhas espirituais aspiram pelo dia em que Madre Oliva Maria de Jesus receberá as honras dos altares.
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